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Hobbies viram oportunidades de negócio

Mineiros mostram que, com coragem e um pouco de sorte, é possível tirar proveito de uma atividade prazerosa



Créditos da imagem: Banco de imagens
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Redação Sou BH
09/09/15 às 20:32
Atualizado em 01/02/19 às 19:23

Por Nádia Assis, do Diário do Comércio

As horas vagas podem ser aproveitadas de diferentes maneiras. Enquanto alguns gostam de ler, outros preferem cozinhar, receber os amigos em casa, ouvir música ou aprender a tocar um instrumento. Mas, na prática, o que poucos conseguem é transformar esses hobbies em negócios prósperos e rentáveis. Empresários mineiros mostram que, com coragem, ousadia, esforço e sorte é possível tirar proveito de uma atividade prazerosa e alcançar satisfação pessoal acima da média.

O analista de sistemas Adriano de Oliveira Maio, de 41 anos, tinha uma carreira bem-sucedida na área de Tecnologia da Informação (TI), na qual trabalhou durante 12 anos. "Mas em muitos dias tudo o que eu queria era terminar o trabalho e chegar em casa para fazer algo prazeroso. Naquela época, percebi que o que realmente me acalmava era cozinhar, fazer festas e receber as pessoas em casa", recorda-se.

O impulso para mudar definitivamente de ramo veio depois que dois membros da família faleceram em função de graves doenças. "Isso mobilizou minha esposa e eu a pensar no que realmente queríamos da vida", diz. Assim, mesmo sem nenhuma experiência formal no ramo, ele trocou a TI pela área de eventos e fundou o bufê Pizza diMaio, especializado em pizzas. A empresa realiza diferentes tipos de festa, a maioria em residências.

Após enfrentar vários desafios, Maio afirma ter alcançado seu principal objetivo: ter um rendimento mensal semelhante ao da época que trabalhava na área de TI. A diferença, contudo, consiste na realização pessoal. "Agora, na maioria dos dias, eu não quero que o trabalho termine", comemora. A empresa realiza, em média, de 10 a 15 eventos por mês e emprega diretamente 28 colaboradores.

O crescente interesse por gastronomia motivou o advogado Carlos Bruno Carneiro, 32 anos, a também mudar de área. "Advoguei por sete anos, mas gostava muito de cozinha e decidi abrir um restaurante. A ideia, a princípio, era conciliar com a advocacia", lembra. Há três anos, ele fundou ao lado de um sócio o restaurante O Conde, instalado no bairro Cidade Jardim, região Centro-Sul de Belo Horizonte.

Uma viagem feita à Itália, entretanto, foi crucial para que ele abandonasse a carreira de advogado para trabalhar somente no restaurante. No país europeu, Carneiro teve a oportunidade de conhecer restaurantes, cozinhas e chefes. Na volta, ele comprou a parte pertencente ao antigo sócio e passou a se dedicar apenas ao estabelecimento, sendo responsável não somente pela área administrativa, mas também pela cozinha.

O comprometimento integral do empresário lhe trouxe benefícios tanto financeiros quanto pessoais. "Financeiramente, eu estava satisfeito com a advocacia, mas a profissão não gerava em mim amor e vontade. A realização pessoal está vindo mesmo com a gastronomia, que também está sendo bastante rentável", admite. De acordo com ele, o faturamento da casa aumentou 25% no primeiro semestre deste ano frente ao mesmo período de 2014, apesar do mau momento econômico.

Música

O Circuito do Rock, rede de bares formada pelo Jack Rock Bar, Lord Pub e Circus Rock Bar, todos na região Centro-Sul de Belo Horizonte, tem entre seus sócios um psicólogo, Gustavo Jacob, de 41 anos. Ele, contudo, nunca escondeu sua verdadeira paixão pela música, sobretudo pelo rock. "Sempre fui muito ligado à música, pois toco violão e sou até meio compositor. Por muito tempo, achei que ia fazer sucesso nesse ramo", brinca ele.

Porém, sua formação acabou o levando a São Paulo, onde trabalhou por muito tempo em uma grande construtora. Ao retornar a Belo Horizonte, passou a frequentar o The Jack, atual Jack Rock Bar, na avenida do Contorno. O local era ponto de encontro de motociclistas e a trilha sonora predominante era o rock. Em 2003, os antigos proprietários ofereceram a casa ao ex-sócio de Jacob, que o convidou a integrar a sociedade.

"Na época, participava de outros processos seletivos em empresas, mas abandonei tudo imediatamente. Afinal, aquela era a oportunidade de fazer o que eu realmente gostava", relata. Hoje, 12 anos depois, Jacob tem orgulho de ter reerguido o Jack, transformado o Lord e o Circus em bares de sucesso e, principalmente, de ter disseminado o gosto do rock entre pessoas com perfis bem diferentes.

Transição

Alguns, contudo, têm a sorte de ter trabalhado com suas paixões ao longo de toda a vida. Esse é o caso do engenheiro metalurgista Alfredo Figueiredo, que trabalha há 35 anos na sua área de formação. Embora realizado, ele se prepara para dedicar mais tempo a um hobby que, a cada dia, se torna um negócio mais lucrativo. Ele, que fabrica cervejas especiais desde 1999, se associou à Krug Bier, uma das maiores microcervejarias de Minas Gerais, no início de 2015.

A transição, conforme ele, será suave. "Aposentei no início deste ano pelo INSS e, no final do ano, vou me desligar da multinacional onde trabalho", diz. Em 2016, o objetivo dele é montar uma consultoria e, dessa maneira, ampliar o tempo dispensado às cervejas. "Hoje tem muita oferta nesse mercado, mas eu estou focado em inovação, em realmente fazer algo diferente", enfatiza ele.