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Por trás da folia: um Carnaval de glitter, cores e importantes lutas sociais

Muito além das fantasias e do batuque existem pessoas com sonhos e muita garra em BH



Créditos da imagem: Júlia Alves/SouBH
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Redação Sou BH
16/02/18 às 13:48
Atualizado em 01/02/19 às 19:14

Por Júlia Alves

A folia acabou, mas as lembranças ficam para sempre, né? Afinal, o Carnaval de BH deste ano não foi feito somente de unicórnios e sereias. Foi feito de gente, de humanidade, de ativismo e muito glitter! Foi o momento do belo-horizontino extravasar, de ser ele mesmo e mais um pouco, de fazer amizades de infância em apenas dois minutos, de se colorir e ser dono da avenida. Ver esse sentimento coletivo tomar conta das ruas foi maravilhoso, ter a oportunidade de mostrar tudo isso bem de perto foi melhor ainda. Fazer a cobertura do Carnaval com certeza está no top dez dos momentos mais loucos/lindos da minha vida.

Acordar cedo e já colocar a playlist do Carnaval no Spotify era a lei das minhas manhãs, seja como repórter ou como foliona tradicional (devo confessar que estava contando os dias para a folia chegar lá em novembro do ano passado). Preciso dizer que começar pela segunda-feira com o Havayanas Usadas foi muito especial. Chegar na Andradas e ver um mar laranja, todo mundo da bateria fantasiado de estrelas e toda a preparação por trás desse Carnaval maravilhoso foi de arrepiar.


Júlia Alves/SouBH


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Esse foi o ponto principal para mim. Ver os bastidores, a organização para o desfile acontecer e a preparação de um ano todo. Assistir de perto, subir no trio e ficar coladinha na bateria me possibilitou presenciar momentos bem preciosos. Aqueles instantes que testemunhei eram uma vida toda de sonhos para quem fazia parte do bloco.

Do axé ao funk, do samba ao forró, o Carnaval de BH teve espaço para todo mundo. A folia não foi só festa, foi um momento de respeitar a diversidade e a multiplicidade da nossa cultura e das nossas pessoas.

O Corte Devassa e o Garotas Solteiras – ambos também na segunda-feira – levantaram essas importantes bandeiras durante seus desfiles. Seja com suas fantasias, com suas músicas, com seus discursos ou com seus corações que abraçavam a todos que chegavam (inclusive, fui muito bem recebida em ambos, fazendo aquelas amizades bem especiais de Carnaval durante o trabalho). Essa postura, que não foi exclusiva desses blocos, está acontecendo em um conturbado momento social e político do nosso país. Por isso, manifestar e bradar com orgulho sua identidade é algo corajoso. E isso se fez presente na folia da capital mineira.


Júlia Alves/SouBH


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Sou um pouco suspeita para falar de Carnaval. Eu amo esse movimento cultural que, em minha opinião, deveria ser o ano todo! Mas, preciso confessar que este ano as pessoas me surpreenderam. Pelo menos nos momentos que presenciei, a festa não foi para esquecer da política, dos problemas sociais, dos atrasos do Brasil. Não foi cheia de pessoas intolerantes e o não, era não mesmo. Presenciei pessoas solidárias, conscientes e engajadas. O respeito e o amor estavam muito presentes.


Júlia Alves/SouBH


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E esse sentimento de orgulho continuou na terça-feira, quando o Monobloco embalou minha festa e conquistou meu coração. Unir bateria de escola de samba com diferentes ritmos foi uma ideia muito boa, viu. Luiz Gonzaga, O Rappa, Cássia Eller e Skank são só alguns dos exemplos das misturas que o bloco fez e que levantaram a galera. Dava para sentir o chão tremer e, gente, eu não consegui me conter durante esses momentos. Tive que cantar com os foliões, me jogar na folia e sentir o Carnaval como ele deve ser de verdade.


Júlia Alves/SouBH


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Esse Carnaval de Belô foi lindo, foi múltiplo, foi tão cheio de adjetivos e substantivos que eu precisava escrever um livro só para falar dele. Teve seus momentos de embates, teve seus conflitos? Sim. Mas não foi possível ofuscar o verdadeiro objetivo da folia: espalhar amor por onde passa. Os blocos que pude ver de pertinho, os blocos que vi de longe, as pessoas que conheci e aquelas que só vi de passagem, as cores, as músicas, enfim, tudo me aqueceu a alma e me fez perceber que cobrir o Carnaval não é só um trabalho, é uma experiência a ser sentida.