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Artista do Morro das Pedras faz obra de grafite no gabinete da prefeitura

Dagson Silva foi o primeiro colocado no Edital de Arte Urbana



Créditos da imagem: Amira Hissa/PBH
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Redação Sou BH
21/01/19 às 12:16
Atualizado em 01/02/19 às 19:44

As obras do artista belo-horizontino Dagson Silva agora estampam o gabinete da prefeitura de BH. O morador do Morro das Pedras foi o primeiro colocado na seleção do Edital de Arte Urbana no segmento de grafite e por isso recebeu o convite do prefeito Alexandre Kalil para colorir sua sala.

A história de vida do artista não ficou de fora dessa obra inédita. “Pensei em dar continuidade ao meu trabalho, expandir esse cotidiano, levar minha experiência do bairro, a voz desses moradores para outros lugares. Representei meu universo, a dinâmica da população, do universo informal, despojado”, detalha o artista.

Consciência social

Foi com a obra “Dois Contra o Mundo”, inspirada na música do Racionais Mc, que Dagson foi um dos 40 escolhidos no concurso da Fundação Municipal de Cultura. O artista conta que a imagem da mãe segurando um bebê quer mostrar o contexto de uma favela, do núcleo familiar, da mãe solteira que vai criar o filho e a dificuldade dessa criação dentro da comunidade. E o lugar escolhido para exibir a arte, o aglomerado do Morro das Pedras, também carrega um significado. “Primeiro eu pensei na direção política das coisas, a escolha do lugar, do público que vai acessar isso é que vai dar essa dimensão política. Eu moro lá e queria mexer um pouco com o território. A imagem poderia representar muito mais coisas nesse espaço do que por exemplo no centro da cidade”, explica o grafiteiro.


Dois Contra o Mundo de Dagson Silva / Foto: Édi Édi

De Minas para o mundo

Algumas pessoas provavelmente já leram o nome do grafiteiro em outros lugares. É que Dagson está sempre no meio artístico levando sua obra e contando sua história para a cidade. Um dos trabalhos memoráveis dele está na própria comunidade, quando ele resolveu por conta própria pintar algumas lajes do Morro das Pedras em 2016.

O artista, que hoje também é um ‘arte educador’ e ensina grafite para outras pessoas, já participou do Festival de Arte Negra duas vezes, ganhou o prêmio estadual Canela Fina – Grafite em 2017 e, agora, está passando uma temporada na França, cursando graduação e mestrado numa escola de arte, na cidade de Marselha.

Edital

A fundação recebeu quase 200 inscrições para o concurso, de artistas individuais e grupos. As 40 propostas selecionadas vão contemplar 15 grafites, oito trabalhos de lambe-lambe e oito de muralismo. O espaço urbano também receberá cinco intervenções de estêncil, três de pintura livre e outras técnicas.

Todas as regionais receberão pelo menos duas obras artísticas. Em maioria, as intervenções são realizadas em ruas e equipamentos públicos municipais, além de viadutos, escolas e prédios também.