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Pesquisa: 33% das brasileiras não vão ao ginecologista regularmente

Entre os motivos para a falta de prevenção estão a falta de acesso, o fato de não considerarem importante, ou até terem vergonha da consulta



Créditos da imagem: Kichigin/Shutterstock.com
Main ginecologia por kichigin
Redação Sou BH
14/02/19 às 20:33
Atualizado em 15/02/19 às 13:22

Pelo menos 33% das brasileiras não vão periodicamente a um ginecologista. Aproximadamente 26,7 milhões de mulheres nunca foram, não costumam ir, ou não se consultam há mais de um ano com um profissional dessa área. Um comportamento que coloca em risco a saúde da população.

Os dados são da pesquisa Expectativa da Mulher Brasileira Sobre Sua Vida Sexual e Reprodutiva: As Relações dos Ginecologistas e Obstetras Com Suas Pacientes. Ela foi feita pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), em parceria com o Datafolha. Foram entrevistadas 1.089 mulheres a partir de 16 anos, de todas as classes sociais, em todo o país.

Entre as que não costumam ir ao ginecologista, as razões mais alegadas são ‘não preciso, pois estou saudável (31%)’ e ‘não considero importante ou necessário (22%)’. Algumas relatam não ter acesso ao médico ou não haver esse especialista na localidade onde residem (12%), ter vergonha (11%), ou não ter tempo (8%).

Conforme o levantamento, 20% das mulheres com mais de 16 anos correm o risco de ter um problema sem ao menos imaginar. O número preocupa especialistas como a professora do departamento de Ginecologia e Obstetrícia da UFMG, Márcia França Ferreira. Segundo ela, estas pessoas estão deixando de se prevenir de doenças como câncer de colo de útero e de mama, além de aumentarem as chances de uma gravidez não planejada.

“A saúde dos homens também é colocada em risco, uma vez que, se a mulher estiver com alguma infecção não sintomática, pode haver a contaminação por doenças sexualmente transmissíveis”, afirma. O recomendado é a consulta anual, independentemente se há sintomas ou queixas da paciente.

No entanto, entre aquelas que já passaram por consultas, os motivos apontados para a ida foram a necessidade de esclarecer algum problema ginecológico (20%), a gravidez ou a suspeita dela (19%) e a prevenção (54%). Normalmente quem as motivou a procurar o médico foram mulheres próximas (57%), a mãe (44%) ou mesmo a iniciativa própria (24%).

Entre as mulheres que já foram ao ginecologista, seis a cada dez (58%) são atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto 20% passam pelo médico particular e outras 20% têm plano de saúde.

Apesar do número alto de mulheres que não se consultam, quando questionadas sobre qual especialidade médica é a mais importante para a saúde delas, 68% citam a ginecologia, principalmente as que usam atendimento particular ou convênio. Em seguida, mencionam clínica geral e cardiologia.

"Sete em cada dez mulheres têm o ginecologista como seu médico de atenção e para cuidar da saúde de um modo geral. Não é diferente em outros países. É como se a ginecologia fosse a porta de entrada da mulher para a assistência básica. É muito comum quem tem problemas não propriamente ginecológicos marcar consulta com o ginecologista e ele encaminhar para outro especialista", explica o presidente da Febrasgo, César Eduardo Fernandes.

Relação médico-paciente

Quase todas as entrevistadas (98%) consideram importante que o ginecologista dê acolhimento, atenção, realize exames clínicos, aconselhe, passe confiança e forneça informações claras. Nove em cada dez dizem estar satisfeitas com esses atributos em seus médicos.

“O ideal é que se tenha sigilo, e respeito aos valores da paciente. Que o médico entenda o modo de vida dela, escute e desenvolva uma relação de confiança, especialmente se for uma situação de gravidez”, afirma a Dra. Márcia França.

Em uma situação de parto, 89% das mulheres da pesquisa da Febrasgo declararam se sentirem seguras com a assistência de um ginecologista/obstetra, percentual que cai para 54% se o atendimento fosse feito por um plantonista.

“O médico tem todo o pré-natal para desenvolver uma relação de confiança com a paciente, pois ela entrega nas mãos dele o momento mais importante da vida dela, e do filho”, conclui a médica.

*Com Agência Brasil