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Hospital das Clínicas da UFMG convoca voluntários para testar vacina contra o vírus Zika

Estudos vão durar cerca de dois anos em 21 centros de pesquisa no mundo todo



Créditos da imagem: Aline Ruas
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Redação Sou BH
18/04/18 às 18:12
Atualizado em 01/02/19 às 19:30

Buscando soluções para o combate do Zika Vírus, uma das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti que ainda não tem vacina, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) está recrutando voluntários para realizar teste da imunização contra o vírus. A enfermidade integra a lista da Organização Mundial de Saúde (OMS) de doenças prioritárias para pesquisas e desenvolvimento em 2018.

Os interessados em participar do estudo clínico devem estar sadios e ter entre 15 e 35 anos de idade e ter disponibilidade durante dois anos para acompanhamento médico mensal da equipe do HC. A seleção será feita após avaliação clínica e de exames laboratoriais que serão oferecidos gratuitamente pela equipe do Hospital das Clínicas da UFMG. Além disso, os voluntários receberão acompanhamento médico e apoio financeiro para os gastos com transporte e alimentação durante sua participação na pesquisa. 

A Vacina

A vacina já foi testada em seres humanos e aprovada pelos comitês de ética nacionais e internacionais. Agora, ela será avaliada em um novo grupo de pessoas com a finalidade de estudar novos dados sobre a sua eficácia e segurança no organismo de pessoas sadias. “Para isso, a participação da população será de extrema importância”, afirma a infectologista do HC-UFMG, Flávia Ribeiro, pesquisadora-chefe do estudo clínico.

A infectologista à frente da pesquisa em BH ressalta que a vacina não contém o vírus, portanto não transmite a doença. “Vacinas de 3ª geração, que usam apenas uma parte do vírus morto são mais toleradas no organismo humano, geralmente com reações leves. Mas por se tratar de um experimento não podemos afirmar que não haverá reação, o que posso dizer é que até agora 600 pessoas no mundo todo já receberam as três doses dessa vacina e não tiveram nenhuma reação grave”, detalha ao SouBH a pesquisadora.

O experimento  

A pesquisa mundial, patrocinada pelo National Institutes of Health (NIH), organização do governo norte-americano, será realizada em 21 centros no mundo todo, dois deles no Brasil, um na Universidades de São Paulo (USP) e outro na UFMG. O estudo clínico em BH será realizado pelo Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital das Clínicas da UFMG em parceria com o Instituto René Rachou/Fiocruz e a Universidade de George Whashington (GWU), nos Estados Unidos.  

Em BH, os interessados em participar da pesquisa clínica poderão se candidatar por meio do telefone 0800 035 66 35 ou pelo e-mail vacinazikabh@gmail.com. Também é possível obter mais informações na página do Facebook Vacina Zika.

Os voluntários serão divididos em dois grupos: um receberá as três doses da imunização e outro placebo, que não contém nenhum medicamento. De acordo com os pesquisadores isso é realizado para efeito comparativo entre quem foi imunizado e quem não, em caso de infecção pelo vírus no decorrer do estudo. Depois de receber as três doses da vacina ou do placebo, os voluntários serão acompanhados pela equipe médica do HC ao longo de 96 semanas, sempre com exames e consultas mensais. A divisão dos grupos é mantida em segredo entre os voluntários e a equipe médica, exceto para os farmacêuticos e pesquisadores da NIH que monitoram todos os passos do experimento em todos os centros de pesquisas. Ao final do estudo, caso a eficácia da vacina seja comprovada, os voluntários que receberam a dose de placebo serão vacinados gratuitamente. 


Leg.: Dr. Jeffrey Bethony, imunologista, coordenador do Laboratório de Pesquisa e prof. na Universidade George Washington (GWU); Dra. Flávia Ribeiro, infectologista, pesquisadora-chefe e coord. técnica do Centro de Pesquisas Clínicas do HC-UFMG; Dr. David Diemert, infectologista, co-pesquisador e prof. na GWU / Divulgação

O Zika

Transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo da dengue, o vírus é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma emergência de saúde pública, já que existem evidências de que sua presença no organismo pode causar o nascimento de bebês com microcefalia e outros transtornos neurológicos, como a Síndrome de Guillain-Barré. Atualmente, não há cura ou vacina para prevenir a infecção pelo Zika, apenas medidas de prevenção e controle dos mosquitos transmissores.

“É importante lembrar que para combatermos o vírus do Zika todos precisam estar imunizados, não só as mulheres grávidas, pois o mosquito é o transmissor e pode infectar qualquer um, independente de gênero e idade”, ressalta Flávia.