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Apenas 18% dos pet shops de BH são legalizados para a aplicação de vacinas

Com 92 estabelecimentos com veterinários capacitados, vereadores almejam criar legislação mais rígida



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Redação Sou BH
31/08/17 às 22:36
Atualizado em 01/02/19 às 19:06


Marcelo Camargo/Agência Brasil

Por Júlia Alves

O belo-horizontino amante dos bichinhos deve ficar atento. Apenas um a cada cinco estabelecimentos que comercializam vacinas na capital mineira está apto a aplicá-la. E a consequência quando esse processo é mal conduzido pode ser desde uma reação alérgica até mesmo a morte do animalzinho. O número alarmante gera preocupação em especialistas do setor e pode acelerar a criação de uma legislação mais eficaz para o setor.

Em BH, são mais de mil locais voltados para pets, segundo o Conselho Regional de Medicina Veterinária. E, desse total, 500 deles comercializam vacinas, enquanto apenas 92 - ou 18% - são capacitados para aplicação e armazenamento dos produtos. “Com uma legislação permissiva, nem sempre os cuidados são seguidos, alguns locais não têm veterinários para o acompanhamento da aplicação”, afirma o presidente do conselho, Nivaldo da Silva, ao SouBH.

Com o fácil acesso às vacinas polivalentes, os belo-horizontinos acabam afetando a saúde de seus animais. Com centenas de estabelecimentos vendendo de forma irregular ou não fiscalizada, os medicamentos acabam não fazendo o efeito esperado. Segundo o Conselho de Veterinária, muitas pessoas aplicam remédios em suas próprias casas, colocando seus pets em risco. 

Por uma política interna, o órgão não divulga a lista dos 92 estabelecimentos aptos a aplicar vacinas. Dessa forma, a orientação é para que os donos dos animaizinhos exijam a aplicação desses medicamentos por um profissional capacitado.


Marcelo Camargo/Agência Brasil

Riscos aos animais

Por serem materiais biológicos, as vacinas precisam de um cuidado especial de armazenamento, transporte e refrigeração. Quando essas especificações não são seguidas, o produto pode perder a eficácia e causar danos à saúde dos animais.

Extremamente frágeis, as vacinas precisam ficar protegidas da luz e, principalmente, armazenadas entre 2°C e 7°C. Se a vacina, em algum momento, chegar a ficar a 1°C ou a 8°C ela perde a garantia e sua eficácia não pode mais ser comprovada. Ou seja, mesmo que a vacina esteja dentro do prazo de validade, se mal armazenada, não protegeria o animal, ou pior, poderia causar inclusive, reações graves no cão.

Com tantos lugares não especializados e sem a presença de um profissional habilitado à tarefa, os pets de BH acabam sofrendo o impacto. De acordo com o presidente, essas vacinas mal armazenadas podem causar os chamados acidentes pós-vacinais. Essas reações são divididas em três categorias: reações alérgicas comuns, choques anafiláticos e acidentes neuro-paralíticos.

As reações podem ser individuais, diferenciando para cada animal. “Os veterinários precisam saber o histórico de saúde do animal, o que diminui riscos de óbito. Por isso, é essencial um acompanhamento profissional desses bichos, o que não acontece em locais irregulares”, comenta o presidente.


Marcelo Camargo/Agência Brasil

Legislação eficiente

Sem a fiscalização ideal, muitas irregularidades acabam não sendo detectadas. Denúncias de comercialização de vacinas vencidas e danos a animais após aplicações são frequentemente feitas ao Conselho e à Vigilância Sanitária. Porém, locais sem a presença de veterinários continuam vendendo os produtos pela falta de uma legislação mais eficiente.

A importância do tema e necessidade de uma mudança na legislação motivou uma audiência pública na Câmara Municipal de BH realizada nesta semana. Na ocasião, foi debatida ainda a qualidade das vacinas disponibilizadas no mercado.  “As vacinas não são fiscalizadas no Brasil. Algumas que tratam doenças mais frequentes e que afetam gado e aves são testadas. Mas o restante, para animais domésticos, não recebe o mesmo cuidado”, afirma Silva.

Com uma fiscalização precária das vacinas nacionais e importadas na capital, um dos objetivos da Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana, da Câmara, é criar uma legislação mais eficaz na capital. 

Segundo o vereador Pedro Patrus (PT), a ideia é criar um projeto de lei que exija a presença de um técnico ou médico veterinário em todos os locais que comercializem vacinas na capital. Paralelamente a esta PL, a Câmara convocaria o governo federal a fim de fiscalizar a fabricação das vacinas polivalentes no Brasil e testar as vacinas importadas dentro do país.

Com Câmara Municipal de Belo Horizonte