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Urina de foliões do Carnaval de BH vai se transformar em adubo

Projeto desenvolvido por pesquisadores da UFMG está sendo testado na folia belo-horizontina



Créditos da imagem: Júlia Alves/SouBH
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Pesquisador e um dos idealizadores do projeto, Arthur Silva, mostra material
Redação Sou BH
12/02/18 às 13:44
Atualizado em 01/02/19 às 19:09

Por Júlia Alves

Que o Carnaval, além de espalhar muita alegria, aquece a economia de Belo Horizonte todo mundo sabe. Mas imagine se um dos principais inconvenientes - a urina - da folia se transformar em solução? Pois é exatamente isso que vai rolar, como projeto piloto, na capital mineira.

Um grupo de pesquisadores da UFMG criou um método, batizado de P4Tree (xixi para árvore, numa tradução grosseira), que filtra e retira o fósforo - essencial para a agricultura - da urina. Portanto, o seu alívio neste Carnaval pode significar alimentação para seres vivos.

Ao todo, seis banheiros químicos receberão o material inovador. "Queremos entender os diversos perfis do Carnaval de BH. Dois banheiros estão fixos na avenida Brasil e outros quatro rodam por blocos diferentes", explica um dos químicos responsáveis pelo projeto e pesquisador da UFMG, Arthur Silva.

Então, não se assuste caso você se depare com um banheiro químico diferente, com um grande adesivo na porta. "Colocamos adesivos explicativos na porta porque, como normalmente tem fila nesses banheiros, o folião pode entender a proposta do projeto enquanto espera", diz o químico.

No começo dos quatro dias de folia em BH, é colocado um sachê do P4Tree nos banheiros químicos. No fim do dia, quando os banheiros estão cheios - a estimativa é de 200 litros de urina por dia -, o material é retirado. "Aí a gente faz um tratamento de desinfecção e trituramento para que seja utilizado como fertilizante", explica Silva.

A expectativa do projeto é reunir entre 10kg e 12kg desse material nesta folia. Desse total, 1kg será analisado em laboratório e o restante, usado como adubo no Parque Ecológico. Para você ter ideia, a cada litro de urina, existem aproximadamente 300mg de fósforo.

Ampliação

A ideia é aperfeiçoar o método e ampliar o projeto para outros eventos, públicos ou privados. "Estamos rodando esse protótipo por achar muito interessante essa solução tecnológica criativa. Queremos sim implementar em nossos outros eventos. E é muito bacana não só pelo poder público, mas os privados também podem utilizar desse trabalho", afirma o presidente da Belotur, Aluizer Malab.

"Estamos olhando com instituições, estabelecimentos. Qualquer lugar com banheiro público tem potencial. Tem shopping center, por exemplo, com horta urbana no teto. Imagine essa horta ser fertilizada com urina do próprio banheiro. E essa mesma horta pode abastecer a praça de alimentação, que serve o cliente. Seria um ciclo perfeito", afirma Silva.