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Teto para todos: projeto ajuda moradores de comunidades carentes a construírem suas casas

O TETO MG já construiu 28 casas em BH. Agora o desafio é expandir o atendimento para outras cidades da região metropolitana



Créditos da imagem: Barbara Junqueira
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Redação Sou BH
11/12/18 às 13:49
Atualizado em 01/02/19 às 19:45

Por Júlia Alves

Um teto sobre a cabeça. Uma casa digna para chamar de sua. Parece banal, não é mesmo? Mas para muitas pessoas essa não é a regra, e o projeto TETO MG está buscando mudar essa realidade. 

Com pouco mais de um ano de existência, a instituição já construiu 28 casas em BH, tudo em conjunto com as famílias. O projeto funciona como um apoio para pessoas carentes conseguirem ter uma casa. Agora, o TETO vai reunir 250 voluntários para ajudar famílias a construírem mais moradias na comunidade Terra Nossa, no Taquaril, região Leste de BH e numa aldeia indígena de São Joaquim de Bicas, região metropolitana da capital.

Com o desafio de trabalhar em duas comunidades ao mesmo tempo, fato que ainda não tinha acontecido na sede mineira, o projeto se propôs a participar da construção de 14 novas casas na comunidade Terra Nossa e cinco na aldeia Pataxó Naô Xohã.

Conheça o trabalho

O TETO é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que funciona graças à contribuição de empresas, à cooperação internacional e a doações de pessoas comuns, que acreditam na iniciativa e apoiam o direito à moradia. Propondo o engajamento de toda a comunidade, a organização não se configura como assistencialista e mobiliza os voluntários e as próprias família na construção das casas. A família, inclusive, paga um valor simbólico de R$ 250 e abriga os voluntários no período de construção. Tudo pensado para os moradores se sentirem donos do imóvel e contribuírem com a causa.


Barbara Junqueira
 

Essas construções são as casas emergenciais, como ficaram conhecidas, e são confeccionadas em madeira e pré-fabricadas. A estrutura possui 18m² e podem levar até dois dias para que sejam concluídas.

Criada em 1997, no Chile, a organização se consolidou em 2001 quando iniciou sua expansão para El Salvador. De lá para cá, são 19 países participantes no continente americano. No Brasil, o TETO chegou há 10 anos e atua nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Salvador. E agora, há mais de um ano, em Belo Horizonte. A organização já passou por mais de 100 comunidades, construiu mais de 3 mil moradias, desenvolveu 26 projetos comunitários e mobilizou mais de 30 mil voluntários.

Para Hugo Calazans, coordenador de Comunicação do projeto no estado, a organização possui uma enorme importância. “Trazer o TETO para BH foi muito grande. Com um ano no Taquaril, fazemos um acompanhamento semanal das famílias do projeto e criamos um estudo socioeconômico da comunidade para entender a realidade das pessoas de lá. E isso é muito profundo, porque nos faz compreender melhor os problemas do nosso país. A gente está ajudando, mas acaba saindo de lá com um olhar diferente, tocados e transformados”.


Barbara Junqueira

Segundo o jovem, o projeto possui uma abrangência demográfica muito diversa, atendendo pessoas de diferentes sexos, etnias e, principalmente, das mais variadas estruturais familiares. Além disso, Hugo acredita que a iniciativa é uma maneira de formar pessoa mais cidadãs.

“A abrangência do TETO é boa para todo mundo, os voluntários saem com uma visão de mundo diferente, mas, principalmente, ajudamos a comunidade e isso é uma forma de ajudar a cidade toda, afinal ela é nossa”, comenta.

Como fazer parte da corrente do bem?

Se a iniciativa tocou seu coração, é possível participar como voluntário ou doador. Na primeira opção, você deve ficar atento às redes sociais do projeto, que sempre convoca participantes para os mutirões que acontecem algumas vezes ao ano. Para saber mais sobre como funciona, os cursos e como virar um integrante, confira a aba de voluntariado no site do TETO.

Já para ser um doador, os interessados podem fazer uma doação única ou mensal, ambas de qualquer valor, além do esquema de voluntariado corporativo e de empresas que querem se tornar 'amigas' do TETO. Veja como fazer sua doação, no site.

Voluntário há mais de uma ano, Hugo conta que amigos o apresentaram à organização no Rio de Janeiro, onde construiu uma casa na comunidade Guarani, na Cidade de Deus. Depois disso, não conseguiu mais sair. Se tornou coordenador de Comunicação e líder de uma das construções, ajudando novos voluntários.

“Esse trabalho de ficar imerso em uma comunidade é precioso, você se envolve com as famílias e cria uma ligação forte, principalmente por ser um projeto em conjunto, com os moradores participando de tudo”, afirma o Hugo.

O coordenador ainda comemora a conquista de ver famílias que vão passar o Natal e o Réveillon pela primeira vez numa casa digna, além de pessoas conseguindo montar negócios graças à nova moradia, como o jovem de 23 anos Gabriel, casado e com um filho pequeno, que montou sua própria pizzaria na casa. Segundo Hugo, também é muito emocionante ver famílias que tinham as chuvas como seu maior medo, agora vivendo de forma mais segura e abrigando outras pessoas da comunidade em dias de tempestades.


Barbara Junqueira