Caos! Hospital João XXIII enfrenta déficit de médicos, problemas financeiros e administrativos
Diretor revelou rombo financeiro em decorrência de atraso no repasse mensal da prefeitura
Pacientes tomando banho com água
fria, leitos de UTI fechados, déficit no quadro de médicos, falta de
suprimentos básicos como fraldas geriátricas e equipamentos desligados. Esse é
o cenário atual do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, referência
internacional em traumas e atendimentos de emergência. Além de problemas
estruturais, o hospital sofre com falta de recursos e atraso de repasse, um
deles da Prefeitura de Belo Horizonte, que não é feito há três anos.
A situação é tão grave que, durante a visita realizada por deputados estaduais nessa quarta-feira (4), liderados pelo presidente da Comissão de Saúde, Carlos Pimenta (PDT), o diretor do hospital Sílvio Grandinetti expôs os problemas enfrentados. Entre vários deles estão os mais alarmantes: o atraso de três anos no repasse mensal de R$ 180 mil pela prefeitura, um valor que ultrapassa os R$ 6 milhões; e um déficit de 65 médicos na escala, resultado de dificuldades administrativas.
“Fazemos cerca de 340 atendimentos por dia e estamos com os quadros defasados. Mais que isso, estamos perdendo profissionais, que pedem exoneração por falta de condições de trabalho”, lamentou o diretor.
Em vídeo publicado pelo deputado Antônio Jorge (PPS), após a visita ao hospital, o parlamentar relata leitos de UTI e salas de reanimação fechadas e pacientes vestindo trapos de roupas no lugar de fraldas geriátricas, pois o pagamento do fornecedor está atrasado. O mesmo ocorre com os fornecedores de óleo que aquecem as caldeiras, o que resulta em banhos frios para os pacientes.
O diretor assistencial do HPS, Marcelo Lopes Ribeiro, revelou que a última grande obra estrutural foi feita em 2008. “A burocracia também é um complicador. Para comprar materiais de trabalhos básicos, dependemos de licitação, que é sempre um processo demorado e incompatível com as necessidades e a emergência de um hospital”, pontuou.
Contas que não fecham
Além disso, segundo o diretor, o hospital precisa de uma obra estrutural que custaria R$ 100 milhões, mas não há previsão da chegada do recurso. O faturamento da instituição não alcança a casa dos R$ 3 milhões e o valor de manutenção mensal é de R$ 5 milhões.
A visita ao HPS foi solicitada pelos deputados Carlos Pimenta,
presidente da comissão de saúde na Assembleia Legislativa de Minas, e João
Leite (PSDB) depois de receberem denúncias de falta de materiais no hospital.
Outros parlamentares, como Antônio Jorge e Geraldo Pimenta (PC do B), também
participaram da ida à instituição.
Em nota ao SouBH, a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) informa que “o
encontro de contas entre dívidas em relação a débitos da SMSA e Secretaria de
Estado de Saúde (SES)/Fhemig está sendo feito, mas que o trabalho ainda não foi
concluído pois há discordância entre valores, conforme análise apresentada por
cada esfera”.
Questionada sobre os problemas citados, a Fhemig não havia respondido até a publicação desta reportagem.