FecharX

Caos! Hospital João XXIII enfrenta déficit de médicos, problemas financeiros e administrativos

Diretor revelou rombo financeiro em decorrência de atraso no repasse mensal da prefeitura



Créditos da imagem: Reprodução/Facebook João Leite
Main 151815 hospital joao23 facebook joao leite
Redação Sou BH
05/10/17 às 15:32
Atualizado em 01/02/19 às 19:08

Pacientes tomando banho com água fria, leitos de UTI fechados, déficit no quadro de médicos, falta de suprimentos básicos como fraldas geriátricas e equipamentos desligados. Esse é o cenário atual do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, referência internacional em traumas e atendimentos de emergência. Além de problemas estruturais, o hospital sofre com falta de recursos e atraso de repasse, um deles da Prefeitura de Belo Horizonte, que não é feito há três anos.

A situação é tão grave que, durante a visita realizada por deputados estaduais nessa quarta-feira (4), liderados pelo presidente da Comissão de Saúde, Carlos Pimenta (PDT), o diretor do hospital Sílvio Grandinetti expôs os problemas enfrentados. Entre vários deles estão os mais alarmantes: o atraso de três anos no repasse mensal de R$ 180 mil pela prefeitura, um valor que ultrapassa os R$ 6 milhões; e um déficit de 65 médicos na escala, resultado de dificuldades administrativas.  

“Fazemos cerca de 340 atendimentos por dia e estamos com os quadros defasados. Mais que isso, estamos perdendo profissionais, que pedem exoneração por falta de condições de trabalho”, lamentou o diretor.

Em vídeo publicado pelo deputado Antônio Jorge (PPS), após a visita ao hospital, o parlamentar relata leitos de UTI e salas de reanimação fechadas e pacientes vestindo trapos de roupas no lugar de fraldas geriátricas, pois o pagamento do fornecedor está atrasado. O mesmo ocorre com os fornecedores de óleo que aquecem as caldeiras, o que resulta em banhos frios para os pacientes. 

O diretor assistencial do HPS, Marcelo Lopes Ribeiro, revelou que a última grande obra estrutural foi feita em 2008. “A burocracia também é um complicador. Para comprar materiais de trabalhos básicos, dependemos de licitação, que é sempre um processo demorado e incompatível com as necessidades e a emergência de um hospital”, pontuou. 

Contas que não fecham 

Além disso, segundo o diretor, o hospital precisa de uma obra estrutural que custaria R$ 100 milhões, mas não há previsão da chegada do recurso. O faturamento da instituição não alcança a casa dos R$ 3 milhões e o valor de manutenção mensal é de R$ 5 milhões. 

A visita ao HPS foi solicitada pelos deputados Carlos Pimenta, presidente da comissão de saúde na Assembleia Legislativa de Minas, e João Leite (PSDB) depois de receberem denúncias de falta de materiais no hospital. Outros parlamentares, como Antônio Jorge e Geraldo Pimenta (PC do B), também participaram da ida à instituição.

Em nota ao SouBH, a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) informa que “o encontro de contas entre dívidas em relação a débitos da SMSA e Secretaria de Estado de Saúde (SES)/Fhemig está sendo feito, mas que o trabalho ainda não foi concluído pois há discordância entre valores, conforme análise apresentada por cada esfera”.  

Questionada sobre os problemas citados, a Fhemig não havia respondido até a publicação desta reportagem.