FecharX

BH registra três roubos de carro a cada 2h; estupros crescem e atingem 47 por mês

Números do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelam dados preocupantes em todo o país



Créditos da imagem:
Main grey
Redação Sou BH
01/11/17 às 11:56
Atualizado em 01/02/19 às 19:11


Tânia Rego/Agência Brasil

Por Júlia Alves

Em Belo Horizonte, todos os dias, três carros são roubados a cada duas horas e duas pessoas estupradas. Esses dados alarmantes foram revelados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado na segunda-feira (30) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O documento, que guia políticas públicas em todo o país sobre a área, aponta que os dois crimes - roubo de veículos e estupros - apresentaram aumento em 2016, na capital mineira, em comparação ao ano anterior.

No ano passado, foram registradas 12.640 ocorrências de furtos e roubos de automóveis em BH, um aumento de 6,4% ante 2015, e 568 estupros, crescimento de 2,8% em comparação ao período anterior. Em contrapartida, a capital mineira anotou queda nas mortes violentas (latrocínio, homicídio doloso e lesão corporal seguida de morte): de 
624 para 578.

Nesse item, inclusive, o anuário revelou um recorde preocupante:
nunca se matou tanto no Brasil como em 2016: 61.169 mortes violentas foram registradas. Minas Gerais, por sua vez, ocupa o quarto lugar em números absolutos dessa categoria: 4.348 mortes em 2016.

“Minas Gerais manteve números estáveis em crimes violentos. Porém, esses números continuam altos e são indicadores sazonais, em um período o governo pode investir mais em um ponto específico da segurança e diminuir seu índice de crimes, em outro momento, os números podem crescer novamente”, pontua ao
SouBH o coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas, Robson Sávio.

Estrutural

Para o especialista, também integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o real problema é estrutural - sendo que um indicador pode registrar uma leve melhora ou queda em uma determinada época. 
“Um ponto pode ser melhorado por uma gestão, mas outro pode ser piorado pela mesma e, consequentemente, por outro governo. O real problema reside no sistema de Justiça seletivo e ineficiente, na impunidade, na polícia despreparada e na repressão de um modelo intuitivo que não se renova”, comenta.


Tânia Rego/Agência Brasil

Sávio afirma que, historicamente, nunca houve reforma na segurança pública do Brasil, cujo modelo permanece engessado desde o fim do período ditatorial, ainda na década de 1980.  “No sistema vigente, a polícia é sinônimo de segurança, o que é um erro, o modelo deve ser mais abrangente. O fenômeno da criminalidade não está isolado das questões sociais”, diz.  “O sistema de segurança no país está falido. Em uma análise a longo prazo, o dinheiro não é o problema, mas sim o modelo empregado. Faltam políticas públicas e de prevenção, uma Justiça eficaz, um maior controle de armas e um bom sistema prisional. Todos esses pontos trabalham em conjunto e isso não ocorre no Brasil”, completa.

Perfis da Violência

Apresentando pela primeira vez os números de feminicídios no país, o estudo aponta um aumento de 3,5% nos estupros, com 49,5 mil ocorrências no país. Os crimes violentos contra a mulher totalizaram 4,6 mil casos em 2016, o que quer dizer uma média de um assassinato a cada 2 horas. Minas Gerais não possui os dados para assassinato de mulheres.

Em relação à violência policial, o anuário revela que o perfil das principais vítimas de ações da polícia são homens, com 99,3%; negros, com 76,2%; e jovens (entre 18 e 29 anos), com 65,2% do total.