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Bandas indies investem em estúdio caseiro

<p>Wilson Sideral lança álbum produzido em seu próprio quarto</p>



Créditos da imagem:
Main wilsonsideral divulg
Redação Sou BH
12/08/14 às 13:37
Atualizado em 01/02/19 às 19:13

O cantor e compositor Wilson Sideral não poderia ter escolhido um título melhor para o seu novo álbum "Canções de Computador". Destaque da cena independente mineira, ele tem 14 anos de carreira e teve o primeiro disco lançado pela gravadora Universal Music (?1?, em 1999). Agora, assina a produção deste que é seu quinto trabalho, lançado pelo selo próprio Sideral Experience. ?As primeiras letras e melodias foram registradas no meu celular e num laptop, sendo organizadas em meu quarto-estúdio. Cada vez mais o desenvolvimento da tecnologia permite uma gravação de qualidade em casa?, explica.

Sobre a diferença entre gravar em um grande estúdio e no chamado estúdio caseiro, Sideral destaca pontos positivos e negativos de cada um. ?Quem tem conteúdo tem boas ideias e consegue fazer um bom trabalho em qualquer destes ambientes. Em casa, destaco a liberdade criativa na composição e registro das canções, mas é preciso entender todo o processo para finalizar de uma forma bacana. Já, em um estúdio, vinculado a uma gravadora, você tem todo aparato técnico e apoio, mas não pode ousar tanto. Por exemplo, o pôster em 3D, presente em meu novo disco, seria barrado devido aos custos?.

Depois da gravação, vem a distribuição, é necessário entender as etapas do processo, evitando que o trabalho fique parado na gaveta. E a distribuição se dá em grande parte de forma digital, em espaços como SoundCloud, lojas e serviços de streaming de música digital como iTunes, Rdio, Amazon MP3 e Grooveshark. ?O músico independente é uma espécie de faz tudo, precisa entender todo o processo, se virar com o uso das ferramentas disponíveis. Ter uma boa formação musical, em todos os sentidos?, explica Sideral, que afirma priorizar, desde o começo, seus lados: músico, intérprete e instrumentista.

Atualmente, os números são contabilizados em acessos e não mais cópias vendidas. ?Hoje, com 40 mil cópias vendidas um artista ganha o Disco de Ouro, antes era 100 mil. A venda física caiu muito?, afirma Sideral. Então, não se pode descuidar do contato com os fãs, muito mais próximo também com o surgimento de novas tecnologias. ?Apesar de virtual, o contato gera satisfação para o fã e o artista. A resposta é imediata, eu sei se gostaram ou não pelo número de curtidas. Isso motiva também uma maior interação, o que busco sempre em meus trabalhos. Já usei pen drive, faixa interativa e agora o recurso 3D?.

A nova demo
Para músicos de bandas independentes, a possibilidade de fazer um material de qualidade em um simples cômodo da casa é a garantia de divulgar seu trabalho de forma satisfatória. A antiga demo, uma fita gravada apenas com voz e violão, é substituída por uma versão digital, produzida com muito mais recursos. Um caminho mais curto para a realização do sonho de ver a música registrada e conhecida pelo público.

Luís Couto, integrante das bandas Churrus e Devise, já gravou nos dois espaços e considera a experiência diferente e positiva. ?Em casa, a interferência é menor, você tem liberdade de produção, sem regras de horário, acordou de madrugada com uma nova ideia, vai lá e grava. Já no estúdio, o processo tem um certo filtro, além de prepararmos tudo antes, ou seja, a pré-produção, há a opinião dos técnicos envolvidos, mas as opções de finalização são muito mais variadas?.

Raphael Jardim, vocalista da banda Ous, admira a iniciativa de bandas que apostam integralmente na produção caseira, ?valorizo quem faz, o meu grupo tem interesse em investir nisso. Já compramos alguns equipamentos, a fase de pré-produção do nosso primeiro CD foi feita em casa, somente a finalização se deu em um processo mais profissional, com o auxílio de um produtor musical reconhecido, pois, ainda não temos todos os recursos necessários?.

Shows
Sábado (7), os cantores entrevistados apresentam seus novos trabalhos ao público. Wilson Sideral lança "Canções de Computador", no Granfinos. Luís Couto e Raphael Jardim participam da festa Supernova, no Studio Bar. A Devise apresenta o primeiro disco, "Lume" e a Ous divulga "Amor Vincit", seu primeiro EP.