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Mania, hamburguerias ganham mais público

Arrojadas ou com "décor retrô" e receitas artesanais, sanduicherias viram boa opção de programa econômico



Créditos da imagem: Bacon Paradise
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Sanduíche Burlesco da Bacon Paradise
Redação Sou BH
30/07/15 às 17:56
Atualizado em 01/02/19 às 19:22

Por Nádia de Assis, do Diário do Comércio

As hamburguerias artesanais definitivamente caíram no gosto do belo-horizontino. As casas especializadas, já comuns em outras capitais do País, continuam se espalhando pela cidade e, apesar da crise financeira, ainda atraem volume expressivo de público. O sucesso motiva os empresários à frente de alguns dos principais estabelecimentos a investir na consolidação da marca e em planos de expansão.

O empresário Marcelo Diniz inaugurou, em maio de 2014, a Deli Handmade, no bairro de Lourdes, na região Centro-Sul. Menos de um ano depois, em março deste ano, ele investiu outros R$ 300 mil na abertura da Pocket Burger, na região da Savassi. "A diferença está mais na apresentação do hambúrguer. Na Pocket, o cliente escolhe todos os ingredientes para montar seu próprio sanduíche. Mas a qualidade é a mesma nos dois estabelecimentos", explica.

De acordo com ele, o desempenho da nova casa, que tem tíquete médio de R$ 23, bastante inferior aos R$ 50 desembolsados pelos clientes da Deli Handmade, tem sido uma boa surpresa. Mas Diniz acredita que, se não fosse pelo mau momento econômico, o movimento seria ainda melhor. "Em épocas como esta, o cliente não deixa de comer fora de casa, mas com certeza diminui a freqüência", pondera.

Franquia

Diniz, contudo, é otimista e começa a traçar planos para o futuro. Um deles é iniciar a expansão da marca Pocket por meio das franquias e ter o próprio centro de produção especializado na fabricação dos hambúrgueres e molhos utilizados nos sanduíches das casas. A expectativa é de que essa fábrica seja inaugurada até o final do ano, com investimento de R$ 200 mil. "Assim, vou ter mais controle sobre a qualidade, reduzindo a dependência de fornecedores", salienta.

Quem também pretende expandir a marca no futuro é a Lucy Sanduicheria, no bairro Sion, também na região Centro-Sul. A empresa completa um ano em outubro e, além dos hambúrgueres e sanduíches, serve pratos executivos durante o almoço. "As refeições têm atraído muitos clientes, mas o hambúrguer ainda tem maior representatividade em nosso faturamento por ter valor agregado superior", explica o sócio-proprietário, Allan Santos.

Por estar instalada no mesmo ponto onde, no passado, funcionou uma tradicional locadora de vídeos, o cardápio e a decoração da sanduicheria remetem a clássicos da sétima arte. O carro-chefe do menu é o Pulp Fiction, inspirado no premiado trabalho do cineasta Quentin Tarantino. Ele mistura hambúrguer de filé mignon, alface, tomate, cheddar e tiras de bacon.

Após quase um ano de mercado, Santos observa que a concorrência avança cada vez mais. Contudo, ele acredita que a abertura de outras casas especializadas no mesmo produto ajuda a fortalecer o segmento. "Não se trata de uma concorrência desleal e cada um tem a sua especificidade", avalia. Por enquanto, o principal objetivo da Lucy é fortalecer a marca, para em seguida espalhar outras unidades por Belo Horizonte.

Delivery 

Quem também buscou inspiração no cinema foi a Sholl's Fine Burger, inaugurada em abril, no bairro Funcionários, região Centro-Sul. "Eu sou um apreciador nato de sanduíches, sempre gostei muito de hambúrguer, mas cinema sempre foi uma outra paixão. Então, tudo na minha hamburgueria está relacionado a filmes", explica o proprietário Humberto Sholl, que investiu R$ 1,3 milhão na abertura da casa, montante que ele espera recuperar em 36 meses.

Conforme Sholl, a hamburgueria está em pleno crescimento. Em abril, mês da abertura, foram vendidos 1.200 hambúrgueres, enquanto neste mês já foram aproximadamente 3 mil. O crescimento é impulsionado pelo serviço de entrega em domicílio implantado há cerca de 20 dias. O empreendedor também tem planos ambiciosos para a hamburgueria. Após consolidar os negócios na Capital, a ideia é levar a casa para Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), e depois para dentro dos shopping centers.

Planos adiados 

O sócio-proprietário do Jack's Big Burger, Cristiano Seixas, pretendia dar início à inauguração de franquias ano passado. Os planos, porém, foram adiados e não há previsão de quando devem ser retomados. "O objetivo era dar continuidade à ideia neste ano, mas como não enxergamos nenhuma perspectiva de crescimento do mercado, acreditamos que o melhor seja aguardar", argumenta Seixas.

Por enquanto, a empresa mantém duas unidades em funcionamento, no bairro Sion (região Centro-Sul), inaugurada 2011, e no Vila da Serra, em Nova Lima (RMBH). A meta para este ano, segundo o sócio-proprietário, é diversificar as opções com receitas inovadoras, que em agosto devem ser incluídas no cardápio.

Food truck

O proprietário do Dip's Fine Burger, Felipe Corrêa Borba, mudou a forma de comercializar seus hambúrgueres. Ele desativou as duas lojas que tinha, no bairro Santo Antônio (região Centro-Sul) e em Lagoa Santa (região Central), para adquirir um food truck, mini caminhão onde são preparados e servidos os hambúrgueres e que a cada dia pode estar em um ponto diferente.

De acordo com ele, o alto preço dos aluguéis foi o principal responsável por motivar a mudança. A decisão, pelo menos a princípio, trouxe benefícios tanto para o empresário quanto para a clientela. Isso porque, os custos menores permitiram a ele diminuir o valor do hambúrguer, que passou de R$ 33 para R$ 20. Com isso, ele passou a vender, em média, 800 sanduíches por semana. Antes eram 600 unidades semanais.

O carro-chefe do cardápio é o Dip's BBQ, com pão artesanal, hambúrguer de picanha, bacon,cheddar cremoso e cebola caramelizada. O sucesso da hamburgueria itinerante incentiva o empresário a adquirir mais um veículo, que em breve vai transitar por Belo Horizonte e municípios do entorno. Além disso, ele também pretende ter um espaço para atender somente aos pedidos de entrega em domicílio.

Ingrediente ancora o sucesso da Bacon Paradise

O bacon, ingrediente que agrada a praticamente todos os paladares, impulsiona o sucesso da rede de hamburguerias mineira Bacon Paradise. A primeira unidade foi inaugurada em junho de 2013 e, neste ano, começaram a ser abertas as primeiras franquias. Até o final de 2015, 10 lojas devem estar em funcionamento na capital mineira e região metropolitana, o que deve levar a empresa a faturar R$ 8 milhões. A expectativa é de que a marca comece a chegar a outros estados do Sudeste a partir de 2016.

O cardápio dividido em petiscos, hambúrgueres e sobremesas, sendo que o bacon é o ingrediente principal de praticamente todos os itens do criativo menu. Entre as inovações, vale ressaltar e o milk shake de bacon e a sobremesa Nutella Explosion, que mistura sorvete, castanha e bacon. "O bacon é um alimento que todo mundo gosta, mas ainda não existia uma rede especializada nele", observa o sócio-proprietário, Antônio Henrique Campos.

Ele, entretanto, diz que a originalidade não é a única responsável por motivar o sucesso da empreitada. "Realmente conseguimos identificar e preencher uma lacuna no mercado. Mas, acredito que estamos conseguindo crescer porque somos honestos com o cliente, ao servir uma comida farta e bem-feita. Somos muito ligados à qualidade e participamos ativamente da escolha dos fornecedores", diz.

Campos tem formação em direito e fundou a empresa ao lado da noiva, Natielle Ferreira. Ela, que trabalhava no restaurante da mãe, conhecia a área gastronômica e foi responsável por elaborar o cardápio. Ele explica que, quando a primeira unidade foi aberta, no bairro Anchieta (região Centro-Sul), a ideia de expansão por meio das franquias já existia. Hoje, já são quatro lojas franqueadas em funcionamento nos bairros Santo Antônio e Lourdes (região Centro-Sul), Buritis (região Oeste) e Ouro Preto (Pampulha).

As próximas seis unidades previstas para este ano serão inauguradas nos bairros Belvedere, Savassi e Serra (região Centro-Sul), Cidade Nova (região Nordeste), Prado (região Oeste) e Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Para abrir um Bacon Paradise, o investimento mínimo necessário é de R$ 160 mil, valor que inclui taxa de franquia, reforma do ponto, mobiliário, equipamentos, capital de giro e marketing inicial. O retorno acontece em um prazo que varia entre 12 e 24 meses.

O ponto precisa ter área mínima total de 90 metros quadrados e, a princípio, cada operação emprega oito funcionários. O tíquete médio gasto por cliente está estimado em R$ 40. Por enquanto, as lojas abrem somente a partir das 18 horas, mas Campos afirma que analisa a possibilidade de funcionamento ao longo do dia. "Mas, esse ainda é um projeto em estudo", pondera.

Apesar do sucesso, o empreendedor ressalta que a empresa também enfrenta desafios. Entre eles, ele destaca a inflação, responsável por pressionar os custos dos produtos utilizados. Assim, ele confessa que é necessário pensar em maneiras de não onerar a clientela, que já sofre com o reajuste elevado de vários outros insumos.